Você já esteve na Guerra?

Edição nº. 1 * Abril de 2020

Michelle Nunes

Existem palavras que podem causar verdadeiros calafrios quando as ouvimos. “Guerra” é uma delas. Ao ouvi-la, a primeira imagem que vem a nossa mente é um cenário de desolação, tristeza, terror e agonia profunda. Sociedades inteiras entram em colapso e, quando se busca a origem do conflito, poucos são os que conseguem decifrá-lo.
Essas são o que podemos chamar de guerras físicas. Aquelas que entram para os livros de História e nos ajudaram a conhecer e reconhecer as diversas culturas que compõem as nações. Agora eu te pergunto: Você já esteve na guerra? Conseguiu aprender alguma lição com ela?
Pare um pouco e reflita. Apesar do cenário caótico, é possível, sim extrairmos lições valiosíssimas para o nosso presente. Vejamos.
Nessas guerras físicas, podemos observar governantes que se acham superiores e permitem que o ego fale mais alto, gerando um conflito que não há nada que justifique o resultado escolhido por eles. E assim, invadem territórios com armas poderosas e devastadoras, destroçando vidas, famílias, lares, esperanças, sonhos, cidades, territórios e a dignidade humana.
Dignidade que é extorquida dos pais que amam seus filhos, esposas e famílias. Dos trabalhadores que honram seus trabalhos, que pagam seus impostos, que labutam diariamente para colocarem à mesa o pão de cada dia. Das mães que abdicam de seus planos pessoais em função da família. Dignidade! Que é roubada de toda uma nação em fração de segundos para alimentar o ego de seus governantes que se utilizam de falsas desculpas como honra, economia, território, e usam até o nome de Deus...
O preço da guerra é a destruição. Destruição da natureza, das cidades e das vidas. Destruição dos sonhos. É lamentável presenciar aquele panorama de atrocidades, tristeza, crueldades, mortes, destruição, calamidades. 
Mas as guerras não são só físicas. Elas também acontecem em nosso interior. Refiro-me à guerra das emoções, dos sentimentos. Eu já estive lá. Vivi uma guerra comigo mesma, com minha família, minha escola, meu trabalho, meus amigos, meu governo, minha nação, e porque não dizer, até com Deus.
Já vivi nesse cenário de destruição, de incertezas e inseguranças, de revolta, mágoa, de lamentações, de morte, perdas, de desejo de vingança contra a sociedade, de frustrações, de mutilação física e mental.
Eu estive na guerra e ela começou em mim mesma quando não soube lidar com o turbilhão de emoções, com as decepções, as perdas, as imposições, as frustrações, as negativas, os medos, a fragilidade, a morte. Eu também deixei que meu ego gritasse seu falso poder e entrei na batalha pronta para qualquer combate, para vencer ou morrer. 
E assim, guerreei por muitos anos. E não morri uma única vez. Morri diversas vezes. Até o dia em que me dei conta de que quando renascia parecia ter mais forças. No entanto, em alguns momentos, essa força era inútil. As batalhas tornaram-se, cada dia, mais sangrentas e violentas, e o meu ego queria se alimentar mais com a guerra.
Não sei precisar como e nem quando aconteceu. Sei que num dia, como outro qualquer, me dei conta de que de nada adiantava fugir, guerrear, matar ou morrer. Eu precisava alimentar o meu ego com coisas boas. Assim, passei a ver o lado bom da guerra, que até então não via. O lado que nem sempre é mostrado nos filmes, nos documentários, nos jornais. 
A guerra também tem seus ensinamentos, tem seu lado positivo. E foi em meio a um cenário de destruição e morte que eu percebi quem era a responsável por todo o caos que estava vivendo e pelas batalhas que vinha travando. 
Percebi que EU tenho o poder de controlar meus pensamentos, palavras e ações e de governar minha vida. Que EU era a capitã que comandava a tão devastadora guerra em meu interior.
A partir de então, decidi disseminar a paz, o amor, a gratidão. Passei a ver beleza onde antes só visualizava lama, sujeira, lodo. Enxerguei amor onde antes só via ódio. Escutei os perfeitos acordes da natureza onde antes só ouvia bombardeios e o som das rajadas e dos canhões. Senti a paz pulsando em cada célula do meu corpo ao invés do abismo de dor e sofrimento de antes. Percebi que não preciso mais contar falsas verdades para alimentar meu ego.
Por isso, te convido a sair da guerra e viver a paz. Mesmo que te pareça difícil. Eu não disse que foi fácil. Mas eu venci. E, muito embora não exista um manual, uma receita de bolo que te leve a alcançar a tão sonhada paz interior, a sair desse quadro de conflito interno, algumas ferramentas podem ser úteis. Você pode buscar o autoconhecimento, terapias alternativas, técnicas de respiração, meditação. Isso pode te levar a encontrar o SEU caminho, a sua própria fórmula para estar em paz consigo e com o mundo.
Convido-te a crer na paz, a amar, a agradecer pelas infinitas bênçãos em sua vida. Você tem armas poderosas para viver a paz, não a guerra. Utilize os recursos que são seus para viver a paz, expandindo-a para todos os aspectos de sua vida.
Viva a paz. Seja a paz. Lembre-se: a paz começa dentro de você.


Michelle da Graça Nunes
Escritora, Jornalista, Palestrante Motivacional, Assistente Social. Autora do livro “Renascer: reconstruindo o seu eu”. Master Practitioner em PNL, Hipnoterapeuta e Terapeura Renascedora.

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